A área sob proteção acolhe uma mata densa com carvalhos, sobreiros, medronheiros, castanheiros e ulmeiros. Sob as copas densas, um estrato arbustivo rico acolhe gilbardeiras, prímulas, miosótis e selos-de-Salomão. Na periferia do bosque, uma paisagem em mosaico potencia fortemente a biodiversidade, disponibilizando à fauna um leque de alimentos e oportunidades num sistema multifuncional, com agricultura tradicional composta por vinhas, pomares, olivais, prados e pousios. Uma área de prado, integrada na Bio-Reserva, encontra-se num processo acelerado de naturalização, após o restauro de uma zona agrícola degradada. Logo no início do ano, começam a surgir as margaças, seguidas por enormes núcleos de morrião-grande. Na primavera o alho-rosado, o fel-da-terra e as saudades-roxas atraem imensas borboletas e outros insetos, como a bela-dama, que já foi observada no local a depositar os seus ovos num cardo-dos-picos.

É neste contexto que um extenso conjunto de invertebrados prospera, com elevado destaque para as borboletas, que já têm vindo a ser inventariadas no local. No fundo do vale, voam freneticamente as Polygonia c-album, Kuchleria insignata e Valeria jaspidea. A escrevedeira-de-garganta-preta é abundante nas orlas e sebes, e entoa o seu canto a par com o pica-pau-verde, o estorninho-preto e a rola-brava. No refúgio da vegetação densa, surge o esquilo-vermelho, a fuinha e o corço, que tiram partida da abundância de alimento gerada pela vegetação diversificada. No ribeiro, a rã-ibérica, a salamandra-de-pintas-amarelas e o tritão-marmorado prosperam no seu nicho de eleição, recolhendo-se por entre os muros de pedra e na vegetação frondosa, que ajuda a manter um ambiente fresco e húmido.