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APA inicia destruição ecológica do Rio Mondego



Começaram, na passada quinta-feira, os trabalhos de intervenção sobre o leito e margens do Rio Mondego entre a ponte da Portela e o açude de Palheiros, projetados pela Agência Portuguesa do Ambiente. De entre as ações previstas, encontra-se a intervenção na vegetação ribeirinha das margens ao longo de 3 quilómetros, eliminando qualquer árvore existente no leito ou pendente sobre este, a regularização do curso do rio com eliminação dos bancos de areia e seus bosques ripícolas, bem como o enrocamento de um setor de 350 metros de margem.


A intervenção prevista, cuja abordagem é puramente hidráulica, ignora toda a componente ecológica dos bosques ripícolas estabelecidos ao longo das últimas décadas e que acolhem um leque muito relevante de biodiversidade, no contexto de uma paisagem envolvente já muito degradada no que diz respeito ao seu coberto florestal. Para além da previsível e imediata perda de biodiversidade neste setor do rio, as intervenções projetadas poderão atuar como polo de colonização e expansão futura de espécies exóticas invasoras como acácias, ailantos ou canas, tirando partido dos nichos perturbados que ficarão disponíveis. Adicionalmente, o colossal volume de sedimento acumulado nos bancos de areia e margens irá ficar desbloqueado e será arrastado pelo caudal em direção à cidade de Coimbra e ao açude imediatamente a jusante, acelerando a necessidade de operações de dragagem, nas quais foram recentemente investidos vários milhões de euros.


A Milvoz condena esta intervenção, nomeadamente no que diz respeito à não inclusão de critérios ecológicos por parte de uma instituição que deveria ser exemplar na sua atuação e que, inclusivamente, contraria manifestamente as próprias boas práticas que preconiza aos cidadãos. Expectando ponderação e bom senso na execução, a Milvoz está pronta a atuar no caso de se confirmar a devassa do património natural deste troço do Rio Mondego, apelando aos cidadãos a que manifestem a sua preocupação e se mantenham vigilantes ao avanço dos trabalhos.

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