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Refúgio de aves de importância internacional esventrado por passadiço

A construção de um passadiço em curso em pleno coração do Paúl do Taipal, Zona Húmida de Importância Internacional, é gritantemente incompatível com a conservação dos valores naturais que lhe conferem o estatuto de Sítio Ramsar e de Zona de Proteção Especial para a Avifauna. A empreitada é iniciativa da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, em parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).




De reconhecida importância internacional, a diversa comunidade de aves aquáticas do Paúl do Taipal está seriamente ameaçada. A construção de um passadiço nos setores sul e este desta zona húmida, que compreende a abertura de acessos em pleno coração do paúl, irá acarretar implicações colossais na conservação das mais de cento e cinquenta espécies de aves que recorrem a este espaço como refúgio. Ali encontram abrigo, longe da presença humana, elemento ao qual a esmagadora maioria destas espécies é altamente sensível. Face aos trabalhos em curso e previsível visitação futura desta infraestrutura por parte do público, um dos fatores primários que fazem deste paúl um habitat de conservação prioritária para a avifauna - a ausência de perturbação humana - está perigosamente posto em causa, bem como os largos milhares de aves que ali encontram refúgio.


Esta importante zona húmida alberga anualmente milhares de patos invernantes das mais diversas espécies, que recorrem a este paúl como abrigo, particularmente nos dias de caça. É importante realçar que este pequeno paúl alberga mais de 1% da população mediterrânica de pato-trombeteiro, ao qual se juntam importantes concentrações de pato-real, arrábio e marrequinha. Do mesmo modo, uma assinalável colónia de várias espécies de garças também se estabelece no paúl para nidificar, ascendendo o número de ninhos largamente o milhar. O traçado do passadiço entra em colisão direta com a conservação desta colónia, que se estabelece nas imediações de um dos locais já intervencionados, afetando de forma muito significativa espécies como a garça-vermelha, o goraz e o colhereiro. Altamente sensíveis à presença humana, mesmo a várias dezenas de metros, estas aves vêem agora os lagos que constituem os seus melhores refúgios ladeados de forma contínua por um passadiço a menos de 5 metros de distância da margem. Invariavelmente, a maioria das espécies será forçada a abandonar o paúl de forma maciça após esta intervenção, não existindo habitat que constitua refúgio alternativo nas imediações.


Perante a expectável gravidade do dano ao património natural decorrente da empreitada em causa, a MilVoz exige a suspensão imediata dos trabalhos em curso e a reformulação do traçado do passadiço. Só assim serão salvaguardados os notáveis valores naturais que caracterizam o Paúl do Taipal, os quais são incompatíveis com o turismo massificado que decorre deste tipo de empreendimentos. A continuação dos trabalhos nesta zona húmida implica uma perda muito considerável da sua biodiversidade e constitui uma intervenção absolutamente desajustada, negligente e danosa para a conservação desta Zona de Proteção Especial da Rede Natura 2000.



Apelamos a que se junte a nós na salvaguarda dos singulares valores naturais do Paúl do Taipal, procedendo a envio de manifesto contra este atentado ambiental para a Câmara Municipal de Montemor-o-Velho e ICNF:


Destinatários: geral@cm-montemorvelho.pt ; geral@icnf.pt ; dcnb@icnf.pt ; DRCNF.Centro@icnf.pt ; secretariado.cd@icnf.pt ; geral@cim-regiaodecoimbra.pt ; sg@sgambiente.gov.pt ; igamaot@igamaot.gov.pt


Assunto: Manifesto contra a construção de passadiço na ZPE do Paúl do Taipal


Exmos Senhores,

Perante os trabalhos em curso de construção de um passadiço em pleno Paúl do Taipal (Montemor-o-Velho), empreitada que representa um grave dano ao património natural desta importante zona húmida, venho por este meio exigir a suspensão imediata dos trabalhos em curso e a reformulação do traçado do passadiço, por forma a permitir a salvaguarda dos abundantes valores naturais que caracterizam este paúl, e que são incompatíveis com o turismo massificado que decorre deste tipo de empreendimentos. A continuação dos trabalhos no interior desta zona húmida implica uma perda muito considerável da sua biodiversidade e constitui uma intervenção absolutamente desajustada, negligente e danosa para a conservação desta Zona de Proteção Especial da Rede Natura 2000, que constitui refúgio para um muito diversificado leque de aves, grande parte das quais encontra neste paúl as condições de ausência de perturbação e de presença humana de que necessita, fator este que se encontra agora seriamente colocado em causa.


Atentamente. (Preencher com o seu nome)

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